segunda-feira, 6 de abril de 2009

CAPOEIRA - DANÇA OU LUTA?

Luta, dança, esporte, arte, folclore, filosofia. São alguns dos conceitos associados à prática da capoeira, iniciada no Brasil Colônia do século XVI,

Foto: Jefferson Vieira

como forma de resistência dos negros africanos ao trabalho escravo nas lavouras de cana de açúcar. O ritmo e a ginga característicos da modalidade se devem à necessidade de encobrir o caráter de rebeldia, evitando, assim, maiores represálias à época. Golpes, saltos e outros movimentos de ataque e defesa eram, desta forma, confundidos com expressões artísticas, embaladas por palmas e cantoria.

A capoeira é, por isso, a única luta marcial esportiva brasileira – assim reconhecida em 1972 – cujos rituais de competição acompanham sons de tambores e outros instrumentos de percussão, sendo o mais marcante o do berimbau, que acabou por se tornar símbolo da manifestação. Não há registros específicos acerca da data e local de sua origem, podendo ter sido introduzida primeiro em Recife, Rio de Janeiro ou Salvador, por volta de 1600, junto à formação dos quilombos, onde provavelmente se deram os primeiros ensinamentos.

A denominação “capoeira” vem do tupi-guarani e significa "área de vegetação rasteira", relacionada aos locais em que era originalmente praticada, seja como “dança”, próximo à estrutura das senzalas, ou como técnica de autodefesa, nas comunidades quilombolas, construídas em matas e clareiras de difícil acesso. Somente em 1888, com a abolição da escravatura, as “rodas” de capoeiristas passaram a ser vistas pelas ruas e espaços públicos.

Antes disso, em 1808, dada a instalação da Família Real Portuguesa no Brasil, a chamada “capoeiragem”, vista como forma de promoção da algazarra e da desordem pelos negros, foi proibida. Em 1890, chegou a ser introduzida no Código Penal, aplicadas aos infratores penas como prisão e trabalho forçado, situação que perdurou até 1932, quando o presidente Getúlio Vargas liberou de vez a prática, graças à iniciativa de Manoel dos Reis Machado, o mestre Bimba (1900-1974), criador da vertente Regional, diferente da tradicional Capoeira Angola.
O mestre Valmir, presidente da Fundação Internacional da Capoeira Angola-BA explica qual é a principal filosofia da capoeira.




Esta, por sua vez, foi difundida por Vicente Ferreira Pastinha (1889-1982), o mestre Pastinha que, em 1941, criou o Centro Esportivo de Capoeira Angola, em Salvador. O estilo procura manter as tradições e os rituais da arte e da cultura, com movimentos mais lentos e geralmente realizados junto ao chão. Os praticantes vestem calça preta ou marrom e camiseta amarela. Os aspectos da dança se sobrepõem à questão da luta e quem assiste a apresentação de uma roda não participa do coro.

O estilo Regional de Mestre Bimba, fundador da primeira academia de capoeira do Brasil – também em Salvador, em 1932 – apresenta golpes mais rápidos e próprios de modalidade esportiva.

Foto: Jefferson Vieira

Os alunos usam calça e camiseta brancas (abadás) e são batizados por mestres; passam por oito “cordões” ou níveis técnicos, diferenciados por cores. O público da roda pode aplaudir e cantar junto com os atletas.

Atualmente, considera-se ainda o estilo “contemporâneo”, misto entre o regional e o “verdadeiro” ou angolano. Independente do modelo, o exercício não mais agrega o ideal de violência, intrínseco ao contexto de anseio pela liberdade. O capoeirista não tem como finalidade acertar, lesionar ou matar seu oponente, como nos tempos da escravidão. Trata-se de um esporte marcado pelo simbolismo e representação de movimentos, e como tal, fundamentado em regras e preceitos filosóficos, como respeito e autovalorização.

Fontes:

Portal Capoeira: http://www.portalcapoeira.com/

Wikipédia: http://pt.wikipedia.org/wiki/Capoeira

Capoeira do Brasil: http://www.capoeiradobrasil.com.br/

História da Capoeira:http://www.suapesquisa.com/educacaoesportes/historia_da_capoeira.htm